Psicólogo / Psicanalista Clínico ICPB Nº 20220001

Amor, paixão ou simples ilusão?

"Amor, paixão ou simples ilusão?

Você acredita em amor a primeira vista?

Acredito que a sua resposta será NÃO!

A minha, a algum tempo atrás, também era não...

Mas como você explica isso: ?

Você o vê pela primeira vez e não consegue mas pensar em ninguém...

Você o beija... e sente que aquele foi o melhor e mais apaixonante beijo da sua vida...

Você faria qualquer coisa para vê-lo/te-lo novamente e não se da conta que foi só um momento... e que ele não se repetira.

Mesmo assim você tenta de todas as maneiras encontra-lo mas como?

Ele lhe seduziu, lhe enfeitiçou de tal forma que você não sabe como ou por que aquilo aconteceu!

As palavras... foram as mais doces...

O beijo... maravilhoso!

Seu rosto... inesquecível!

Seus olhos... negros e cheios de ternura...

O que fazer quando uma pessoa passa por sua vida e a deixa completamente apaixonada?

Esquece-lo? Eh uma boa alternativa, já que você não sabe como encontra-lo, mas sera que eh possível?

Tentar encontra-lo? como? ele não deixou vestígios, simplesmente passou....

eh...

Dizem que a vida eh a arte do reencontro... então, acho que vou esperar um dia reencontra-lo..."

Myrinhah

Os franceses lhe dão o nome de "coup de foudre". Os italianos dizem "colpo de fulmine". Confesso que gosto mais dessas denominações meteorológico-operísticas do que do nosso modesto "amor à primeira vista". A ideia de relâmpago que fulmina subitamente, abrasando em amor, é mais próximo da realidade...

De fato, podem bastar poucos minutos para que uma paixão, muitas vezes duradoura, se instaure. Não se trata apenas de atração sexual, embora ela se manifeste imediatamente com grande intensidade. Trata-se de amor, de interpretação imediata.

Sem que seja necessária a costumeira troca de informações, sem que um saiba praticamente nada do outro, há, desde o início, uma sensação de absoluta intimidade.

E o mais curioso é que, embora um salto assim no escuro devesse resultar muito assustador, não há medo nem hesitação. A força desse amor imediato é tão arrasadora que consegue estabelecer a segurança sem que haja nenhum dado prático para justificá-la.

No amor a primeira vista, o processo de escolha é tão veloz que parece inexistir. Isso lhe dar um certo ar de loucura, quase de irresponsabilidade, que se agrava quando as pessoas imediatamente decidem casar...

Mas não é de loucura de que se trata, e sim de uma possibilidade de comunicação absolutamente atípica. É como se o sinal amarelo, quando não vermelho, que todos nós mantemos ligado se abrisse de repente, permitindo o livre trânsito de um no outro, e estabelecendo em poucos minutos aquele diálogo dos inconscientes(Aí fica a pergunta: São os inconscientes ou o inconsciente?), que geralmente leva um bom tempo para acontecer.

Os raros amantes que se escolhem à primeira vista sentem-se quase iluminados, abençoados por Deus. E têm razão porque. acelerando o processo, escapam das ansiedades e das dúvidas que acompanham a escolha...

 

Ronaldo de Mattos - Psicanalista Clínico