Sentimos desafiados...

"A espiritualidade sem humanidade vira arrogância."

Descobrir o que está oculto nas idéias, nos pensamentos, nas intenções, nos enigmas, sempre foi e será nosso eterno desafio. Sentimo-nos desafiados quando julgamos existir além de nós, algo que sugere ser maior do que nós, seja na forma, seja no conteúdo, seja na existência, seja na essência.

A história não começa com fatos, começa com pensamentos. Antes de ser história concreta é história do abstrato. A história começa no oculto do ser, na dimensão secreta da imaginação, na liberdade de se desejar, possuir, fazer, construir, avançar, de ir além.

As idéias dão origem às ações que se materializam. E por essa razão vamos ao encontro do pensamento pensado pelos pensadores originais. Ora, o objetivo a que leva o ser a pensar, é o desejo de conhecer  as coisas.

Tal desejo do conhecimento é e torna-se mais intenso, urgente, quando se trata do conhecimento das coisas últimas, daquelas que tocam mais de perto a própria natureza humana e seu destino. Enquanto o ser humano não chega a uma conclusão radical, racional, definitiva dessas indagações, ele não descansa.

Assim, não desprezando os outros saberes, destacamos a importância da Filosofia e sua contribuição na construção do caminho da sabedoria humana, da Teologia  enquanto desvelamento das verdades do intelecto divino  e  suas interações com o intelecto humano e por fim a Psicanálise como ciência não do objeto elaborado, mas da conflitividade  abstrata  e também  por vezes tão concreta das realidades que  a  vida  apresenta ao indivíduo.

Uma dor, uma sede, um toque, lágrimas e sorrisos se misturam na busca e mesmo no encontro daquilo que se forma como simbolismo da nossa espiritualidade. E pensando o ser, no desejo e na ânsia de se sentir protegido, amparado e por vezes compreendido buscamos de todas as formas, nas ciências, na cultura, no meio social, tecnologico e familiar a manifestação de nossa espiritualidade.

Nos domingos, estarei enfocando cada uma dessas Ciências e suas contribuições históricas no desenvolvimento da humanidade, examinando suas interdependências, e como poderemos utilizá-las numa proposta de resgate do projeto original do homem, cuja destinação antropológica foi determinada por Deus.

 

Ronaldo de Mattos - Psicanalista Clínico